Em painel, ex-presidente do Banco Central diz que movimento esperado para o Copom amanhã não seria exagerado, dada a ansiedade com a inflação
Um aumento de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Taxa Selic) que será definida amanhã (8) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) é razoável, afirmou o ex-presidente do Banco Central e nomeado diretor para o Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ilan Goldfajn.
“Um aperto de 1,5 ponto percentual é grande em qualquer lugar do mundo, menos nos mercados brasileiros, onde estão todos muito ansiosos para a inflação ser controlada”, afirmou.
O economista participou, nesta terça-feira (7), do painel “Cicatrizes Econômicas da Covid-19”, pelo GZero Summit Latin America 2021, realizado pela consultoria de risco político global Eurasia Group.
Também participaram da discussão Shelly Shetty, diretora da agência de classificação de risco Fitch Ratings; Gerardo Rodriguez, diretor da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo; Shantall Tegho, diretor do banco Goldman Sachs; e Juan Pablo Spinetto, editor da Bloomberg.
Para Goldfajn, os bancos centrais devem sempre ser mais serenos do que o mercado financeiro. “O mercado financeiro quer sempre um crescimento muito rápido, mas a economia real não está mudando tão rápido, é preciso ter cuidado”, disse.
Na avaliação do especialista, o cenário para a atividade econômica ainda é obscuro para os países da América Latina em 2022, com possibilidade de crescimento médio de apenas 2%. Para ele, a região tem tido crescimento decepcionante e sofreu um declínio ainda maior com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Goldfajn, que ocupa a presidência do conselho do banco Credit Suisse no Brasil até janeiro do ano que vem, acredita que a economia começou a apresentar uma melhora com o retorno das atividades e o avanço da vacinação da população, mas ainda em intensidade insuficiente para mudar a perspectiva de baixo crescimento para a região em 2022.
“Vamos nos recuperar. Existiu um rápido declínio e haverá um rápido retorno, mas quando falamos do ano que vem haverá uma pequena taxa de crescimento. No caso do Brasil, as condições financeiras serão apertadas, desacelerando o crescimento que será muito próximo de zero”, afirmou.
Ilan pontuou que o Brasil terá um ano de eleições que serão polarizadas, o que deve reduzir o espaço para crescimento da economia local e ter impactos para a região. “O Brasil terá um ano de eleições que serão polarizadas, com condições estreitas, então esse zero fica negativo e a região acaba crescendo de forma vagarosa”.
Para o diretor da BlackRock, Gerardo Rodriguez, a deficiência política na América Latina levou a um potencial decréscimo do PIB. “O ciclo eleitoral deveria corrigir o curso. As eleições vão mostrar o equilíbrio que vai ser dado. Como as instituições vão se manter a base de recursos que serão fornecidos pelos políticos”, disse.
Ainda sobre o ciclo político na região, a diretora-executiva de ratings da Fitch, Shelly Shetty, acredita que é necessário esperar esperar o ciclo eleitoral brasileiro para ver se haverá aumento do investimento e da confiança nos países.
Ela avalia que o Brasil ainda está no espectro negativo, refletindo continuamente os riscos da economia sempre em débito. “O Brasil está continuamente refletindo os riscos da economia que está sempre em débito. Em 2021 a economia teve resultados melhores, mas o cenário fiscal será mais desafiador em 2022 e pode haver uma recessão econômica no Brasil”, disse.
Fonte: InfoMoney.
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