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A melhora do cenário macroeconômico e a maior qualidade das carteiras bancárias trouxeram o novo direcionamento aos financiamentos corporativos, que tendem a ser vistos a partir de 2019
As concessões de créditos corporativos começam a migrar para prazos mais longos e bancos tendem a focar em micro, pequenas e médias empresas. A expectativa é de que o movimento se intensifique a partir de abril de 2019, mesmo com uma alta de juros.
“O movimento é atípico e demonstra que não é uma queda de saldo porque está mais arriscado emprestar, mas sim porque o risco está alongado. O saldo caiu porque as empresas estão com maior capital para fazer amortizações”, explica o professor da Saint Paul Escola de Negócios Maurício Godói.
“É uma troca de dívidas de curto para longo prazo, com taxas de juros ainda menores do que o que observávamos no em 2017”, completou.
Ainda conforme os dados do BC, a taxa média de juros para as companhias apurada em outubro ficou em 16,1% ao ano (a.a.), um recuo de 1,9 ponto percentual (p.p.) frente ao visto em igual mês do ano passado (18% a.a.).
O mesmo aconteceu com os spreads médios [diferença entre o preço de captação bancária e o de empréstimos na ponta] que recuaram de 11 p.p. para 8,2 p.p. na mesma base de comparação.
Os prazos para o pagamento dos financiamentos corporativos, por sua vez, atingiram os 61,7 meses, aumento de 16,8% em relação a outubro de 2017, quando era de 52,8 meses.
“As companhias começam a sinalizar um movimento de recuperação, bem como uma demanda maior pelo créditos um pouco mais longos”, complementa Godói, da Saint Paul.
Um exemplo deste cenário é o avanço das concessões para capital de giro, puxadas principalmente para os créditos acima de 365 dias, que subiram 36,9% em outubro ante o mesmo mês de 2017, de R$ 7,628 bilhões para R$ 10,449 bilhões.No total, esses financiamentos subiram 29,5%, de R$ 12,692 bilhões para um montante de R$ 16,443 bilhões.
Para o professor de finanças da Faculdade Fipecafi George Sales, as perspectivas são mais otimistas também por conta do maior apetite bancário.
“Podemos esperar, até mesmo, um reflexo positivo nos indicadores econômicos. Os projetos começam a tomar uma forma mais concreta e, consequentemente, se tornam mais aptos à fomentos financeiros. Os bancos estão mais animados para emprestar”, comenta.
Segundo Godói, no entanto, as expectativas de melhora no consumo e consequente alta na inflação e na taxa básica de juros (Selic) podem trazer aumentos pontuais nas taxas cobradas às companhias.
Segundo o último relatório Focus, do BC, a expectativa é que a Selic atinja 7,75% em 2019 e 8% em 2020. “De um lado, temos a Selic que pode aumentar os juros. Mas de outro, o maior apetite facilitam as concessões”, afirma o especialista, ressaltando que o foco principal dos empréstimos nas instituições financeiras tende a ser as micro, pequenas e médias empresas.
“Primeiro, veremos uma atuação diretamente nas operações das pequenas e médias, para posteriormente isso se alastrar. Veremos isso acontecer, principalmente, a partir do segundo trimestre para então, a partir de julho, enxergarmos uma curva mais acentuada”, complementa Godói.
Inadimplência
As expectativas em torno do maior apetite bancário, por sua vez, também reflete muito da maior qualidade das carteiras, que já demonstram um recuo no nível de inadimplência.
Informações divulgadas ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) apontam que os calotes das empresas tiveram o menor crescimento em oito meses.
Segundo o levantamento, o volume de empresas nos cadastros de devedores cresceu 7,3% em outubro na comparação com igual mês do ano passado, a menor expansão desde fevereiro (+ 6,8%). Em setembro, na base anual, o crescimento fora de 9,4%.
A quantidade de dívidas também subiu 4,7% na mesma relação com outubro de 2017. Já em comparação a setembro, houve uma queda de 1,8%.
O setor com maior alta nos débitos em atraso é o de Serviços (11,1%), seguido por Comércio (5%), Indústria (3,6%) e, por fim, Agricultura (1,5%).
Fonte: DCI
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