Governança e FP&A

Contexto

No atual cenário econômico do Brasil, é fundamental realizar avaliações de resultados e acompanhar as performances individuais dos colaboradores. Segmentos como o das companhias Financeiras e Securitizadoras pedem constantemente ferramentas para organizar seus setores financeiro e estratégico, essenciais para estruturar um crescimento sustentável e calçar a conquista de mais resultado. Necessitam se autorregular na estrutura da empresa, para atender demandas internas e externas das exigências de captação, solvência e controles internos, tradicionais ao mercado de valores mobiliários.

Quando os profissionais envolvidos enfrentam dificuldades, tais como perda de informações, falta de planejamento e erros de apuração, a visão que se tem da situação econômica empresarial acaba distorcida.

A organização faz-se necessária, para que a gestão não tome decisões ruins, e um sistema informatizado uniforme confere agilidade e produtividade ao ambiente de trabalho.  Seus dados podem ser armazenados de forma segura e compartilhados com apenas alguns cliques. Assim, as equipes envolvidas não precisam ficar debruçadas sobre planilhas e se concentram no que realmente importa.

A avaliação de resultados não é algo simples. Exige o acompanhamento periódico e lógico por parte dos gestores. Não adianta verificar o desempenho da empresa apenas ao final do ano. É preciso estabelecer objetivos e seus prazos, sendo que ao final do período estipulado para cada um (mensal, trimestral, semestral e/ou anual) gerar relatório específico.

O objetivo é mapear o que pode ser aperfeiçoado e assim impulsionar os resultados da empresa. Avaliar os resultados é indispensável para entender se as estratégias estão dando certo ou não… Em resumo: a avaliação de resultados é parte importante do processo de planejamento estratégico da empresa. Ela é baseada na comparação entre os resultados previstos e realizados, tendo como parâmetro os indicadores relevantes para determinadas metas.

Não basta procurar novos clientes, diversificar produtos, melhorar a qualidade dos serviços. Sim, isso tudo é fundamental, mas sem uma boa gestão empresarial e financeira todos os resultados serão perdidos.

Governança e FP&A

  1. Governança

A Governança, também conhecida como controladoria ou compliance, é ampla e pode ser caracterizada como um segmento da gestão administrativa e financeira que envolve o mapeamento, o planejamento, a análise e o controle das atividades financeiras da empresa.

Como controle interno, ela tem um papel fundamental na análise da saúde financeira da empresa, pois reúne dados sobre cada transação, investimento, receitas e custos. Além de fornecer as informações para os administradores e sócios.

  1. FP&A

A sigla FP&A (Financial Planning and Analysis), planejamento e análise financeira no português, é um trabalho estratégico da área financeira que realiza o levantamento de dados da empresa para uma tomada de decisão embasada e analítica.

O FP&A refere-se a estimular um setor da empresa como responsável por apurar a situação financeira atual da empresa e projetar objetivos a serem alcançados, considerando ainda os dados externos conjunturais. Esse material propicia uma visão sistêmica e integral da gestão administrativa e financeira nas organizações, utilizando técnicas e ferramentas de mapeamento, planejamento, investimento, avaliação, desempenho e gerenciamento estratégico, com o objetivo de aprimorar as competências gerenciais e operacionais

Atividades

  1. Diagnóstico Inicial

O trabalho de diagnóstico tem como objetivo a mensuração do desempenho financeiro, identificação de pontos críticos e do modelo de negócios praticado pela empresa, abrangendo um período anterior ao atual (análise retrospectiva) e projeção de valores para um período posterior ao atual (análise prospectiva).

Essa é a primeira etapa para planejar o futuro, onde é preciso entender o momento atual do negócio com suas oportunidades, desafios e problemas, ao analisar os números dos últimos anos.

A melhor ferramenta para criar o diagnóstico é optar por reuniões da consultoria com os gestores dos setores estratégicos da empresa para estudo, avaliação e coleta de evidências, além de utilizar o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), que apresenta o resumo financeiro dos resultados operacionais e não operacionais.

A elaboração de um relatório com seus devidos registros fornece a estrutura para que se faça uma análise executiva do mercado com analises e projeções das estimativas de receitas, despesas, gastos e crescimento. Observando o modelo de negócio e apontando seus gargalos, para uma projeção pelo seu ponto de equilíbrio.

  1. Gestão Financeira (Indicadores de Tesouraria)

Uma vez identificadas as prioridades através de um Diagnóstico Inicial bem construído, a estruturação de uma Gestão Financeira se torna fática e de fácil monitoramento.

A resposta para tudo isso vem da compreensão do que são os indicadores financeiros, suas categorias e como aplicá-los para analisar investimentos e reservas. Os indicadores financeiros são ferramentas para avaliar os resultados estratégicos de uma empresa e servem para influenciar a tomada de decisão.

É papel do gestor analisar esses dados, a fim de identificar erros administrativos. Saber ainda se a empresa tem condições para atrair investidores e assumir determinados riscos.

As decisões não podem ser tomadas ao acaso dentro de uma empresa, e gerenciar os setores administrativo, financeiro e tesouraria não é tarefa simples e existem dezenas de complexos indicadores, que podem ser divididos em 5 categorias:

2.1 Indicadores de Rentabilidade:

Rentabilidade significa a capacidade econômica da empresa. Se o capital investido está valendo a pena e se existe potencial no investimento. Composto por:

  • Margem líquida: valor disponível em caixa após o pagamento de todas as despesas, incluindo imposto de renda;
  • Margem operacional: valor restante no caixa após o abatimento das despesas, exceto imposto de renda;
  • Retorno sobre investimento (ROI): o potencial de geração de lucros. Em outras palavras, o quanto um investidor ganhou ou perdeu em relação ao valor aplicado.

2.2 Indicadores de Lucratividade:

A lucratividade revela os ganhos da empresa, ou seja, se as vendas são suficientes para arcar todos os custos e ainda gerar lucro. Compostos por:

  • Margem de lucro bruta: índice que relaciona o lucro bruto com a receita líquida;
  • Margem de lucro operacional: valor resultante da subtração de receita menos as despesas operacionais, que são os gastos diários para a manutenção da empresa;
  • Margem de EBIT: lucro antes dos juros e tributos;
  • Margem de EBITDA: lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

2.3 Indicadores da Estrutura de Capital:

A estrutura de capital mede o índice de endividamento do negócio. Composto por:

  • Endividamento total: a relação entre o que foi investido e o que o negócio deve a terceiros.
  • Cobertura de juros: a capacidade da empresa pagar os juros de dívida sem prejudicar o valor do caixa.

2.4 Indicadores de Atividade:

A atividade significa a evolução operacional de uma empresa. A velocidade com que ela realiza e amplia suas vendas. Composto por:

  • Giro de caixa: quantos ciclos financeiros (pagamentos e recebimentos) o caixa tem durante um determinado período. Quantas vezes entra e sai capital da empresa;
  • Fluxo de caixa: o montante recebido e gasto durante um determinado período.

2.5 Indicadores de Liquidez:

São indicadores que medem o crédito de uma empresa, ou seja, a capacidade de cumprir suas obrigações. Composto por:

  • Liquidez corrente: capacidade de pagamento em curto prazo;
  • Liquidez seca: similar à liquidez corrente, mas exclui do cálculo os estoques;
  • Liquidez imediata: o que pode ser pago imediatamente pelo valor disponível em caixa;
  • Liquidez geral: capacidade de pagamento em longo prazo.
  1. Registrar Procedimentos Internos:

A burocracia e a complexidade das atividades empresariais interferem nos resultados obtidos pela gestão. Os processos internos são fundamentais para o alcance das metas gerenciais e permitem que a empresa seja mais produtiva e lucrativa. A questão é que eles precisam ser legalizados.

O objetivo é poder identificar falhas e implantar melhorias nas tarefas executadas. Ao mesmo tempo, essa documentação facilita a realização de auditorias, que indicam se o negócio vai bem, se os processos são eficazes e se as normas são devidamente cumpridas. Os processos internos consistem nas atividades realizadas pelos colaboradores com a finalidade de alcançar os objetivos e as metas gerenciais.

Organizar essa etapa passa pelo mapeamento de processos e a verificação da conformidade com leis, regras e regulamentos aplicáveis, podendo envolver processos e produtos. Tem como objetivos principais:

  • Verificar se as leis, regras e regulamentos aplicáveis, são seguidos;
  • Verificar se padrões de produtos, processos e serviços são satisfatórios;
  • Apontar riscos, não conformidades e problemas de qualidade;
  • Assegurar a objetividade através de manuais e fluxos devidamente aprovados e comunicados aos colaboradores;
  • Executar essas atividades de maneira independente.

As atividades descritas acima podem ser executadas somente para a empresa ou como instrumento para monitoramento de fornecedores, assegurando controles internos também por parte de parceiros e de terceiros envolvidos na operação.


Por: Delmison Johnny Vivan (johnny.vivan@finanblue.com.vc)

Executivo de carreira com 25 anos de atuação no mercado financeiro e de capitais, registrado por “Honoris Causa” desde 2.011 como Consultor na CVM sob nº 655-6.