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O desafio de 2022 para as Empresas de Crédito

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“Eu não sei para onde vou a partir daqui, mas eu prometo que não vai ser chato.” – David Bowie.


Provavelmente o ano de 2022 de convencional não terá nada!

Vamos passar por momentos que acontecem de tantos e tantos anos, mas que desta vez se alinharam, e devem dar um tom mais desafiador nos próximos meses para quem trabalha com crédito no Brasil. São eles: inflação, elevação de juros, eleições presidenciais e uma piora recente no cenário pandêmico em termos de novos casos diários ao redor do mundo.

Logo nas suas primeiras semanas, o ano de 2022 deu os primeiros sinais de que, mais uma vez, empresários de fomento mercantil e securitização ganharão alguns cabelos brancos ao longo dos próximos 12 meses.

Na primeira semana, além do recorde no número de novos casos da Covid-19, principalmente pela disseminação da nova variante Ômicron pelo mundo, teve a divulgação oficial do IPCA pelo IBGE de 0,73% em dezembro último, cravando uma inflação acumulada nos últimos 12 meses, “inflação oficial”, de 10,06% em 2021. Ela é mais importante em termos “históricos” do que práticos, pois não atingia 2 dígitos desde 2015 quando o acumulado anual bateu 10,67%, e extrapolou a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2021, cujo teto era de 5,25%.

O resultado de 2021 foi influenciado por diversos grupos, passando pelos segmentos de commodities minerais (ex.: ferro e petróleo) e agrícolas (Ex.: carne e soja), também serviços públicos como de energia, de água e de transportes, que causaram um maior impacto no acumulado do ano.

Para a vida real e para o dia a dia do mercado de fomento, o mais interessante é a inflação futura, porque uma alta no custo da captação pode cobrar um pedágio maior do fator de antecipação de recebíveis. Mesmo assim, é possível analisar como os preços se comportaram no ano passado, para tentar prever como eles poderão se comportar ao longo de 2022.

Isso continuará?

Como a economia brasileira está desaquecendo, os principais vetores da inflação deverão ser principalmente externos: a taxa de câmbio e os preços das commodities. Os preços da energia e dos combustíveis continuarão sendo determinantes na evolução dos índices de inflação. Existem sinais de que a alta dos preços vai começar se acomodar a partir de março ou abril, e quem sabe, convergir para o topo da meta a partir de maio de 2022.

No caso da energia, mais especificamente a eletricidade. A grande quantidade de chuvas do verão brasileiro provocada pelo fenômeno meteorológico “La Niña” permitiu a recuperação parcial dos reservatórios das usinas hidrelétricas. O ano de 2021 caracterizou-se pela pior seca em mais de 90 anos, o que literalmente secou os reservatórios, principalmente os da região Sudeste. Com isso, as empresas do setor tiveram de acionar as usinas termelétricas, que produzem energia mais poluente e cara.

E quanto às commodities, a expectativa é de que haja uma normalização na cadeia de fornecimento mundial de minérios, enquanto não está garantido um melhor desempenho da agropecuária no nosso PIB deste ano. As consequências do “La Niña” se anteciparam e estão sendo potencializadas por outro fenômeno, o aquecimento das águas do Atlântico Equatorial, que banha o Nordeste, e podem colocar a produção nacional em risco.

Para o câmbio, neste cenário de juros americanos mais elevados que aumentam a atratividade dos investimentos em dólar, e tendem a direcionar recursos de países emergentes como o Brasil. Isso deve manter o dólar apreciado em relação ao real, o que dificulta a queda da inflação e obriga o Banco Central - BACEN a manter a taxa Selic elevada por mais tempo. Sua tarefa de reduzir “o dragão” será difícil, especialmente num cenário em que o câmbio permanece muito mais desvalorizado do que indicam a solidez das contas externas e a diferença crescente entre os juros internos e externos.

As eleições no Brasil começam a dar o ar da graça, enquanto conselheiros econômicos dos pré-candidatos à presidência da República escrevem colunas e opiniões em grandes veículos de comunicação. Enquanto as peças do xadrez político vão lentamente se movimentando neste início de ano, algumas definições são feitas também no espaço da chamada “terceira via” – candidatos que se apresentam como alternativas à disputa polarizada entre o atual presidente, Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

Foto: Leo Pinheiro (Valor).

E saindo do forno no dia 23 de dezembro, fruto de diversas audiências públicas, a Resolução CVM 060, que dispõe sobre as companhias securitizadoras registradas no órgão regulador, bem como estabelece regime próprio e específico para as emissões públicas de títulos de securitização. Esta Resolução não afasta a aplicação de outras normas às emissões de valores mobiliários e entrará em vigor a partir de 2 de maio próximo.

Mas nem tudo é notícia ruim para nossos amigos empresários dos ramos de crédito.

Os resultados apresentados pelas diversas empresas listadas na B³ tiveram melhora em 2021 se comparado com os de 2020, isso é um bom termômetro, mostrando força no faturamento dos segmentos comercial, industrial e de serviços. Isso abre um leque de opções para antecipação de recebíveis nas suas cadeias de fornecimento e produção.

O ano passado foi bem diferente para os investidores de renda fixa. Começamos o ano com uma taxa Selic em apenas 2% ao ano e terminamos em incríveis 9,25%. Ativos de risco na renda fixa apresentam hoje taxas muito atrativas, mesmo olhando o seu nível médio histórico. As taxas dos ativos prefixados e indexados à inflação hoje estão em patamar semelhante ao do início da década anterior, período extremamente favorável para esse tipo de valor mobiliário.

Data da reunião do Copom
Taxa Selic fixada em:

20 de Janeiro

2%

17 de Março

2,75%

5 de Maio

3,5%

16 de Junho

4,25%

4 de Agosto

5,25%

22 de Setembro

6,25%

27 de Outubro

7,75%

8 de Dezembro

9,255

É importante lembrar que os títulos prefixados e indexados à inflação sofrem marcação a mercado. Isso significa que eles somente vão render aquela taxa acordada se, e somente se, não forem sacados antes, para isso precisam serem levados até as respectivas datas de vencimento.

Apesar do crescimento no endividamento e consequentemente na inadimplência de pessoa física e pessoa jurídica no Brasil destacados pela SERASA, o número de perdas e contestações jurídicas reduziu entre 2020 e 2021.

Também a CVM na sua resolução para o setor das companhias securitizadoras, trouxe uma descrição muito clara dos processos de governança necessários para uma boa administração e sua apresentação ao público investidor. Por tudo isso nunca foi tão urgente rever valores operacionais, principalmente aqueles que necessitam de um investimento em tecnologia para depois economizar em escala com a facilidade dos processos digitais.

Os prognósticos para o Fomento Comercial em 2022.

Divulgação

Estudar as possibilidades de mudanças por meio de estruturação de Factoring para Companhia Securitizadora, com suas vantagens tributárias, diferenças nas alíquotas de IOF, bem como de Companhia Securitizadora para FIDC, com suas vantagens de custo para captação. Também rever os conceitos de captação por debêntures, da precificação com taxas fixas muito altas e indexação às variáveis do mercado financeiro como CDI e IPCA.

A modernização para formalizar e se adequar à processos de governança podem trazer vários benefícios, inclusive na captação por taxas mais baixas, seguindo a onda do mercado, que são as operações estruturadas com princípios ESG (sigla em inglês de meio ambiente, integração social e governança corporativa).

Citando novamente o artista David Bowie: “Eu não sei para onde vou a partir daqui, mas eu prometo que não vai ser chato.” ... Conte com a assessoria e consultoria da equipe de executivos da Finanblue para planejar, se preparar e tornar o seu 2022 em um ano de grande sucesso.

Autor: Delmison Johnny Vivan

johnny.vivan@finanblue.com.vc

Profissional é executivo de carreira com 25 anos de atuação nos mercados financeiro e de capitais, registrado por “Honoris Causa” desde 2.011 como Consultor de Valores Mobiliários na CVM, sob nº 655-6, e responsável na Finanblue por operações estruturadas e de banking.

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