Segunda foi de perdas para ativos de risco nas negociações da Ásia; semana é marcada por eventos que podem aumentar ainda mais a tensão entre investidores
(Bloomberg) – Os mercados globais se preparam para uma semana importante. A segunda-feira foi de perdas para ativos de risco nas negociações da Ásia, sob o impacto dos problemas da incorporadora China Evergrande e da contínua queda dos preços do minério de ferro.
A semana é marcada por vários eventos que podem aumentar ainda mais a tensão entre investidores, que incluem a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto na quarta-feira, um teste-chave para a Evergrande na quinta e uma disputa iminente sobre o teto da dívida dos Estados Unidos e o estímulo fiscal.
“Muitas peças estão posicionadas para o tipo de queda que vai surpreender quase todo mundo”, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercados da Miller Tabak + Co. “Embora muitos projetem uma correção leve, acreditamos que as chances de que o declínio seja profundo são muito maiores.”
1. China Evergrande
Cresce a preocupação sobre a incorporadora mais endividada do mundo devido ao silêncio de autoridades chinesas sobre uma possível intervenção do governo para evitar um colapso.
As incertezas provocaram a maior onda vendedora de ações do setor imobiliário em Hong Kong em mais de um ano e atingiu vários segmentos, como papéis de bancos, de seguradoras como a Ping An Insurance e dívidas de alto rendimento em dólares.
A Evergrande precisa pagar juros de dois títulos que vencem na quinta-feira, o que será um grande teste para saber se a empresa continuará cumprindo suas obrigações com credores, mesmo com o atraso de pagamentos a bancos, fornecedores e investidores de produtos de investimento onshore na China.
2. Minério de ferro
A forte queda do minério de ferro continua em meio a perdas que empurraram os preços abaixo de US$ 100 a tonelada. Os futuros em Singapura caíram para US$ 95 na segunda-feira sob a pressão da China para controlar a produção de aço.
O minério de ferro se desvalorizou mais de 50% desde que atingiu um recorde em maio, e alguns participantes do mercado não descartam que a commodity possa cair para US$ 70.
3. Curva de juros
Para os que apostam em ganhos dos títulos do Tesouro dos EUA – a maioria de Wall Street -, a reunião do Fed desta semana representa um dos últimos possíveis gatilhos este ano para um decisivo aumento dos rendimentos.
Traders preveem que as autoridades irão sinalizar um plano para reduzir as compras de títulos e estão preparados para uma mudança com as novas previsões do banco central para a taxa básica de juros.
Em média, operadores do mercado primário pesquisados pela Bloomberg News preveem que os yields dos títulos de 10 anos subirão 30 pontos-base até o fim do ano. No entanto, a curva de juros mostra o maior achatamento desde os primeiros dias da pandemia, sugerindo que ainda há a possibilidade de o Fed surpreender com uma postura “dovish”, ou de afrouxamento monetário.
4. Mercados emergentes
Fundos de hedge também estão cada vez mais pessimistas em relação às ações de mercados emergentes – vistos por muitos como particularmente sensíveis à redução do estímulo pelo Fed.
As posições de fundos alavancadas em futuros atreladas ao índice MSCI Emerging Markets se converteram em posições vendidas líquidas pela primeira vez em mais de um ano, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities.
O indicador de ações de mercados em desenvolvimento acumula queda de 8% neste trimestre – uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao desempenho de países desenvolvidos -, também afetado pela repressão do governo de Pequim a empresas privadas.
Fonte: InfoMoney.