Com entrada em vigor em 7 de junho, registro de contas a receber por operações com cartões abre possibilidade de crédito a lojistas, mirando juros mais baixos
Por Bússola
Nesta segunda-feira, 7 de junho, entra em vigor a nova norma do Banco Central para registro e negociação de recebíveis de cartões. Na prática, o que ocorre a partir de agora é que um lojista que utilize cartões de débito ou crédito como forma de recebimento terá disponível um amplo leque de opções para antecipar esses valores. Factorings, financiadoras, securitizadoras e FIDCs poderão comprar esses recebíveis, retendo uma taxa que normalmente varia entre 1% e 2%.
Especialistas do setor estimam que o volume de crédito passível de acesso com a nova regra seja de cerca de R$ 1,8 trilhão por ano no Brasil. Espera-se que essa possa ser uma forma barata e rápida para que comerciantes possam acessar recursos para capital de giro, por exemplo. A liquidez e a competitividade no segmento, portanto, deve aumentar com a norma, pressionando a redução do spread das instituições financeiras. Até hoje, os recebíveis de cartões eram negociados apenas entre os vendedores e os bancos com os quais já mantinham relacionamento, ou com as credenciadoras (que concedem as máquinas aos vendedores).
Segundo dados da ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o uso de cartões de crédito e débito representou 46,4% do consumo das famílias no último trimestre de 2020, o que mostra que ainda existe um potencial grande para este mercado.
“Ao lado do Open Banking e do registro de duplicatas escriturais, esta é mais uma ação do Bacen para desenvolver medidas para a redução dos spreads no País”, diz Celso Sato, CEO da Accesstage, uma techfin que oferece soluções de integração no setor financeiro e que movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por mês em operações de cartão de crédito.
“A regra vai aumentar a quantidade de players aptos a ofertar crédito aos lojistas. A concorrência vai aumentar, o que certamente ajuda a desenvolver o mercado”, diz Sato. A própria Accesstage oferece uma solução que permitirá a integração de empresas financeiras e não financeiras que queiram aderir ao novo arranjo de pagamentos, por exemplo. “Só investimos no desenvolvimento desse módulo porque o potencial para isso é gigantesco no Brasil e, assim como nós, diversas outras empresas estão lançando produtos e serviços para captar parte deste mercado”, completa Sato.
A regra de registro dos recebíveis (Circular Bacen 3.952/2019) já havia sido adiada duas vezes, mas teve sua entrada em operação confirmada na última quarta-feira. “Um mercado que era bem restrito passa a contar com inúmeras opções. A competitividade aumenta substancialmente”, diz Fernando Fontes, CEO da CERC – Central de Recebíveis. “A norma também incrementa a segurança e a eficiência do sistema, tornando todo o mercado mais seguro, auditável e confiável”, diz
Fonte: Exame.