A instrução normativa nº 58 do Banco Central (BC), publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira (14), trouxe uma notícia desanimadora para os utilizadores do sistema de pagamento Pix: a autoridade monetária adiou, para 15 de março de 2021, o lançamento da ferramenta “Pix Cobrança”, que permitiria a lojistas, fornecedores e prestadores de serviço emitir um QR Code com as mesmas características de um boleto.
Em entrevista exclusiva ao TecMundo, o fundador e CEO da Matera e um dos colaboradores no desenvolvimento do PIX, Carlos Netto explicou os motivos do adiamento da novidade, cujo funcionamento havia sido agendado para o início de janeiro, e forneceu mais informações sobre o Pix.
Carlos Netto (Fonte: Matera/Reprodução)Fonte: Matera
Por que o BC adiou o Pix Cobrança?
Segundo Netto, o adiamento ocorreu em virtude de “leituras diferentes dos documentos do BC” feitas pelos diversos participantes do sistema. Isso levou a falhas de interoperabilidade, porque alguns desses PSP’s (Provedores de Serviço de Pagamentos, que oferecem serviços online a lojas) não estavam conseguindo pagar QR Codes gerados por outros PSP’s.
O BC chegou até a cogitar a criação de um sistema para validação de QR Code, conforme o especialista, para que cada PSP tivesse a certeza de que o seu protocolo estava de acordo com o padrão único, o que seria uma garantia de interoperabilidade efetiva entre todos os atores.
Outras alternativas ao boleto
Fonte: UnsplashFonte: Unsplash
Falando sobre alternativas ao boleto bancário, Carlos Netto ainda citou o Pix Link, – sistema também adiado – que geraria um link para pagamento que poderia ser incorporado em páginas web e compartilhado por mensagem, WhatsApp ou email. Ele acredita que esse recurso será o grande impulsionador do Pix no comércio eletrônico, uma vez “que muitos já vendem mais no celular do que no desktop”.
O fato é que, tanto o Pix Cobrança como o Pix Link, oferecem as vantagens de liquidação imediata, cobrança instantânea e o custo, pois quem cobra pelo Pix não paga uma porcentagem do recebido para o provedor do serviço. A redução de custos se estende ao banco ou fintech, que não precisa oferecer o boleto físico. Varejista que possua uma wallet digital para cobranças poderá até deixar de usar os bancos para este serviço.
Perguntado sobre o pagamento de Pix Cobrança em lotéricas ou bancos, Carlos Netto disse que isso é pouco provável, pois esses estabelecimentos arcariam com o risco de ficar com o dinheiro a custo zero. Ele lembra que o objetivo real do sistema é que todos tenham uma conta e paguem com o seu próprio Pix, sem ter que ir à lotérica.
Fonte: TecMundo.